Pela primeira vez desde o início da pandemia, a morte de pessoas com até 59 anos foi maior do que o número de mortes de idosos com 60 anos ou mais. Os dados, levantados pelo UOL, são dos cartórios de registro civil do país, responsáveis pela certidões de óbito.
Os dados apontam que na semana epidemiológica de número 22, entre os dias 30 de maio e 5 de junho, 53,6% dos óbitos de covid-19 no país foram de vítimas até 59 anos de idade. O índice representa as 7.499 pessoas que morreram em decorrência no país na semana, de acordo com registros da Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil).
Na semana antes do início da vacinação, que teve como público alvo profissionais da saúde e idosos, os óbitos de pessoas com 60 anos ou mais representava 77,5% de todas as mortes por Covid-19 no Brasil. Em todo o 2020, essa média foi de 76%.
A queda no número de mortes por Covid-19 nos idosos é um impacto da campanha de vacinação.
“Claro que precisamos de estudos mais robustos, mas você começa a notar uma redução importante das mortes na faixa de 75 anos ou mais. A gente notou isso também em relação aos casos. Na faixa seguinte, e depois com os grupos prioritários, a gente também começou a observar, mas com um retardo em relação à faixa de 75 anos e mais”, explicou ao UOL Lima Neto, epidemiologista da Universidade de Fortaleza.
“A maioria dos idosos acima de 85 anos fez as duas doses da CoronaVac. Acima de 80 começaram com AstraZeneca. Quando vai descendo, está a maioria [dos idosos] com uma dose”, disse ao UOL Melissa Palmieri, diretora em São Paulo da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Com a maioria das infecções no país causadas pela chamada ‘variante brasileira’, o Brasil passa por um momento de alto índice de mortes, com as últimas semanas apresentando uma média próxima a 2 mil óbitos diários. Até o momento, pouco mais de 11% da população brasileira foram vacinadas com as duas doses.
“A única alternativa é a vacinação rápida e em massa de pelo menos de 60% a 70% da população. Só assim vamos controlar a circulação viral. Enquanto isso não ocorre, temos que manter as medidas de distanciamento social. Ou a gente dificilmente vai sair dessa pandemia”, disse Vera Magalhães, infectologista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Fonte: A Tarde UOL